sexta-feira, 5 de março de 2010

Nota De Falecimento

Quando tudo parece ir "bem"
Não há motivo pra ser feliz
Nem razão para um único bis
Em tudo, pareço um refém

Os dias passam devagar
Quando estou ao seu redor
Me sinto tão menor
E saio por aí a divagar

Todas as incessantes dores
As noites mal dormidas,
Os estresses, as feridas,
Todos os odiosos rancores

Numa das noites de andança
Passando numa breve janela
Vejo a tenra silhueta dela
Aqui jaz a minha confiança

Já acostumado com a presença
Da mulher que me acompanha
Não faço questão de manha
Mas dou-lhe uma sentença

Não me dá importância
Não me vê como deveria
Não age como eu agiria
Isso desperta uma ânsia

Das mais fúnebres possíveis
Afastar-me seria o mínimo
Seria o gesto mais ínfimo
De todas as dores invisíveis

Em um infindável dia
De relutâncias e tristezas
De astúcias e proezas
Aí sim, morreu minha alegria

Num belo dia de dor
Com sensação de culpa
Os olhos pedem desculpa
Um dia viveu o amor

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