sexta-feira, 26 de março de 2010

Nãããããão!!!

Não vão me afogar,
Me matar, me estuprar
Não vão me esconder,
Me refazer, me tolher,

Não vão me reprimir
Me inibir, me induzir
Não vão querer meu amor
Meu ardor, minha dor

Não vão me afastar
Do céu, do sol e do mar
Não vão me querer
De manhã ou ao anoitecer

Não vão me partir
Nem nunca me seduzir
Só querem me contrapor
Me impor eterno torpor

sábado, 6 de março de 2010

Certidão De Nascimento

Quando tudo parece ir "mal"
De fato, não está tão ruim
De fato, a vida é assim
Mas posso mudar e ser "a tal"

Os dias voam sem parar
Mais rápido que um Concorde
E antes que eu me acorde
O dia passou sem me avisar

Aquelas ordens e gritos
As noites de obrigações
As indesejáveis sensações
Se foram, revelando mitos

Numa noite escura e fria
Com uma desculpa esfarrapada
Saio por aí em uma caçada
Aqui volta minha alegria

Nunca me acostumei com isso
Esse desprezo e machismo
Essa busca pelo niilismo
De mentiras, um compromisso

Não gosto de seu jeito
De como age, de como fala
De como late, ladra e cala
De como estufa seu peito

Tudo o que eu queria
Era poder fugir e sumir
Ir pra longe, me esvair
Só assim eu viveria

Num dia simples e pacato
Toda descisão foi tomada
Minha história foi rasgada
Com meus pertences, parto

Nesse dia de sol e calor
Onde meus olhos brilharam
E as estrelas, cintilaram
Fazendo renascer meu amor

sexta-feira, 5 de março de 2010

Nota De Falecimento

Quando tudo parece ir "bem"
Não há motivo pra ser feliz
Nem razão para um único bis
Em tudo, pareço um refém

Os dias passam devagar
Quando estou ao seu redor
Me sinto tão menor
E saio por aí a divagar

Todas as incessantes dores
As noites mal dormidas,
Os estresses, as feridas,
Todos os odiosos rancores

Numa das noites de andança
Passando numa breve janela
Vejo a tenra silhueta dela
Aqui jaz a minha confiança

Já acostumado com a presença
Da mulher que me acompanha
Não faço questão de manha
Mas dou-lhe uma sentença

Não me dá importância
Não me vê como deveria
Não age como eu agiria
Isso desperta uma ânsia

Das mais fúnebres possíveis
Afastar-me seria o mínimo
Seria o gesto mais ínfimo
De todas as dores invisíveis

Em um infindável dia
De relutâncias e tristezas
De astúcias e proezas
Aí sim, morreu minha alegria

Num belo dia de dor
Com sensação de culpa
Os olhos pedem desculpa
Um dia viveu o amor