sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Coração De Poeta

Pronto para encantar
Como num passe de mágica
Ou como morte trágica
Pode te fazer chorar

Não tem rosto, nem medo
Nem tamanho, nem idade
Nem peso, nem saudade
Nem vida, nem enredo

Não é doce, nem azedo
Não é cura, nem veneno
Nem grande, nem pequeno
Nem água, nem rochedo

É tudo e também nada
É vida e também morte
É azar e a melhor sorte
E nem todos agrada

Não é meu nem é seu
De todos e de ninguém
Faz o que lhe convém
Para nobre ou plebeu

É começo, meio e fim
É dEUs e diabo
No seu verso desabo
É tudo de bom e ruim

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Senhora

Tens tua raiz nativa
Em teu nome és senhora
E chegas sem demora
Das bocas, escorre saliva

Dizem que do bom veneno
Basta apenas uma dose
Pra viver em simbiose
E tu és um frasco pequeno

Mas és toda tentação
Apesar de ser perigosa
Yin, mulher audaciosa

Antes de pedir permissão
Rasga como boa mordida
Amores sem peso ou medida

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Amarguras De Um Gauche

Quero ser palhaço
Mas não faço rir
Quero ir pro espaço
Mas terei que partir

Quero ser ator
Mas não sei representar
Quero ser cantor
Mas não sei solfejar

Quero ser violonista
Mas não sei dedilhar
Quero ser guitarrista
Mas não sei solar

Quero ser escritor
Mas não tenho paciência
Quero fazer humor
Mas me falta sapiência

Quero ser ladrão
Mas não boto medo
Quero ser escrivão
Mas não tenho enredo

Quero ser malandro
Mas me falta esperteza
Quero ser arqueiro brando
Mas não tenho destreza

Quero ser clínico
Tenho medo de sangue
Quero ser cínico
Mas sou um tanto langue

Quero ser escalador
Mas tenho vertigem
Quero ser estuprador
Mas eu respeito virgem

Na minha vida incerta
Sou um ser sem nome
Só posso ser poeta
Pra morrer de amor e fome

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Boca, Vinho E Ballet

O desejo do Arlequim
É o mesmo que sinto
Tua boca e vinho tinto
Num ballet belo e sem fim!