Já está indo embora?
Toma mais um copo
Isso, ou eu te dopo
Você vai justo agora?
Fuma mais um cigarro
Esquece o que passou
Me diz quem me matou
Ou na angústia me amarro
Ainda está cedo pra ir
Sobra vinho na taça
Vem aqui e me abraça
O céu nem começou a cair
Senta e me ressuscita
Me acalma com um sorriso
Me beija de improviso
Me dá a tua guarita
Eu ainda estou com medo
Não vá saindo tão triste
Por favor, não desite
Ainda está muito cedo
sábado, 14 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Deicídio
Meu Deus, o que eu fiz?
Não vejo mais o teu amor
De ti, só sinto o rancor
Não morri por um triz
Conheceste o demônio em flor
Camuflada de fiel amiga
Serpente fazendo intriga
Fez-te vil e pecador
Não me vias à tua frente
Após horas de preparo
Minhas pernas escancaro
E me fazias evanescente
Ser sem igual na terra
Sagrado e onipotente
O Deus mais imponente
Mas Ele também erra
Até então não tinha ciência
De como tu me controlavas
Das vezes que tu me calavas
Esta era tua triste tendência
Não vou ser mais uma infeliz
Não quero mais teu sorriso
Nem perecer diante do paraíso
Nem nosso nome riscado de giz
Não quero passear à esmo
Soltar de vez minha libido
Naquele tom maior sustenido
Não... Não quero mesmo
Eis-me para o Deicídio
Mato agora teu Deus em mim
Dando ao meu pranto um fim
Neste bem pensado suicídio
Não vejo mais o teu amor
De ti, só sinto o rancor
Não morri por um triz
Conheceste o demônio em flor
Camuflada de fiel amiga
Serpente fazendo intriga
Fez-te vil e pecador
Não me vias à tua frente
Após horas de preparo
Minhas pernas escancaro
E me fazias evanescente
Ser sem igual na terra
Sagrado e onipotente
O Deus mais imponente
Mas Ele também erra
Até então não tinha ciência
De como tu me controlavas
Das vezes que tu me calavas
Esta era tua triste tendência
Não vou ser mais uma infeliz
Não quero mais teu sorriso
Nem perecer diante do paraíso
Nem nosso nome riscado de giz
Não quero passear à esmo
Soltar de vez minha libido
Naquele tom maior sustenido
Não... Não quero mesmo
Eis-me para o Deicídio
Mato agora teu Deus em mim
Dando ao meu pranto um fim
Neste bem pensado suicídio
quinta-feira, 29 de julho de 2010
O Beijo De Um Poeta
Ainda hoje sou descrente
Que a pequena infante
Menina chamada Rayane
Saiu do teu áureo ventre
És toda a cândida beleza,
Tens a chave dos prazeres,
Dentre todos os seres
És a mais bela da natureza
Para te mostrar o meu amor,
Todo meu carinho e apreço
À tua amizade eu agradeço
Te presenteio, minha flor
Sem rodeio e sem dilema
Com um beijo em forma de poema
Que a pequena infante
Menina chamada Rayane
Saiu do teu áureo ventre
És toda a cândida beleza,
Tens a chave dos prazeres,
Dentre todos os seres
És a mais bela da natureza
Para te mostrar o meu amor,
Todo meu carinho e apreço
À tua amizade eu agradeço
Te presenteio, minha flor
Sem rodeio e sem dilema
Com um beijo em forma de poema
domingo, 25 de julho de 2010
Romântico
Flores para uma flor
A lua, tímida, se esconde
Eu beijo tua fronte
Com todo o meu amor
Tome, é o meu melhor poema
De amor ele é entalhado
O mais belo e bem acabado
Sem soslaio e sem dilema
O meu amor é sem fim
Grande como o universo
Verdadeiro, sem inverso
E forte como o carmim
Isso seria, quem sabe
O ensaio de um cego
Um burro alter ego
Que aqui não cabe!
O romântico de verdade
Sofre em silêncio e só
Tem a mulher e tem um nó
Que não desata por caridade
No século dezenove, sim!
Existiam românticos
Com seus tristes cânticos,
Amadas, dilemas, enfim!
Um sentimento no lixo
Completamente alterado
Sem dó foi dilacerado
E transformado em bicho
Estranho hoje em dia
Metamorfoseado em moda
Vergonha que incomoda
Pecado que não expia
A lua, tímida, se esconde
Eu beijo tua fronte
Com todo o meu amor
Tome, é o meu melhor poema
De amor ele é entalhado
O mais belo e bem acabado
Sem soslaio e sem dilema
O meu amor é sem fim
Grande como o universo
Verdadeiro, sem inverso
E forte como o carmim
Isso seria, quem sabe
O ensaio de um cego
Um burro alter ego
Que aqui não cabe!
O romântico de verdade
Sofre em silêncio e só
Tem a mulher e tem um nó
Que não desata por caridade
No século dezenove, sim!
Existiam românticos
Com seus tristes cânticos,
Amadas, dilemas, enfim!
Um sentimento no lixo
Completamente alterado
Sem dó foi dilacerado
E transformado em bicho
Estranho hoje em dia
Metamorfoseado em moda
Vergonha que incomoda
Pecado que não expia
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Capoto No País Das Maravilhas

CAPOTO: Mó mazela aqui em casa... Mãe! Vou pra rua! Nada pra fazer aqui, vou chegar lá na praia e ver qual é a de mesmo! Ih... Que coelho doidera!!! From hell mesmo! Vou atrás dele! [...] Que bicho pra correr da porra! Eita carai! Ahhhhhhhhhh... [...] Porra... De onde veio aquele buraco, e que lugar doideeeeera é esse? Ah, foda-se! Sim! Aquele coelho...
COELHO BRANCO: Atrasado! Estou atrasado!
CAPOTO: Ei coelho doido! Tu vai correndo pra onde, meu irmão?
COELHO BRANCO: Não escutou? Estou atrasado!
CAPOTO: Ei! Peraí, porra! Meu irmão.. Vou atrás desse doido! Já tô por aqui mesmo. [...] O miserável corre demais! Eita! DOIDEEEEERAAAA!!! Uma lagarta gigante fumando narguilé! E aí Lagarta, qual a boa?
LAGARTA AZUL: Quem é você?
CAPOTO: Meu nome é Túlio Capoto, mas pode me chamar de Capoto! E esse narguilé aí, é massa?
LAGARTA AZUL (dá um trago): Você gosta?
CAPOTO: Nunca fumei narguilé, só o meu vaporizer... Me dá um trago?
LAGARTA AZUL: Sinta-se à vontade...
CAPOTO: Massa... Me dá essa parada aí! [...] MEU IRMÃO!!! DOIDEEEEEERA!!! Tem o quê nisso aqui?
LAGARTA AZUL: É uma mistura de ervas secreta, desculpe, mas não posso te contar!
CAPOTO: De boa... Me diz aí, tu viu um coelho branco passar correndo feito um doido por aqui?
LAGARTA AZUL (apontando pra esquerda): Sim! Ele passou correndo por esse caminho, por entre essas árvores!
CAPOTO: É quente, bicho! Vou atrás dele... Jah loooove...
LAGARTA AZUL: Garoto estranho...
CAPOTO: Ei! Coelho doido! Cadê vo... cê? Lugarzinho legal hein? E aí bicho? Dando uma festinha é? Gostei do chapéu!
CHAPELEIRO MALUCO: Obrigado! É o meu preferido! Venha e junte-se a nós! Estamos festejando o nosso desaniversário! O meu e por coincidência, também o da Lebre de Março!
LEBRE DE MARÇO: Chá?
CAPOTO: Pode crer! Que onda é essa de desaniversário?
LEBRE DE MARÇO: Sabe o dia que você nasceu, que você comemora o seu aniversário? Pois é... Não é esse!
CAPOTO: Oxe! Tipo, todos os outros são?
CHAPELEIRO MALUCO: Ora, claro!
CAPOTO: Então hoje é o meu desaniversário também!
CHAPELEIRO MALUCO: Que coincidência! Então vamos comemorar!
LEBRE DE MARÇO: Chá?
CAPOTO: Não sou muito chegado em chá, mas me dá essa porra aí que eu vou tomar!
LEBRE DE MARÇO (enchendo uma xícara): Tenho certeza de que você vai gostar!
CAPOTO (dando um gole): Eita porra! Esse chá é de quê, véi?
CHAPELEIRO MALUCO: Ah... É feito com uma flor branca, muito rara que se parece uma corneta e que nasce nas fezes do Jaguadarte!
CAPOTO (consigo mesmo): Qualquer semelhança é mera coincidência... A lua tá massa hoje, parece um sorriso! Ei Do Chapéu! Esse teu chá é dos bons. Já tô vendo a lua aumentando, aumentando... Eita porra!!! Um gato!?
CHAPELEIRO MALUCO: Ah! Eis o nosso mais honrado convidado, o Gato de Cheshire!
GATO DE CHESHIRE: Olá, pode me chamar apenas de Mestre Gato!
CAPOTO: Gato falante!? Um coelho eu até aturo, mas um gato!? Isso é pura loucura!
GATO DE CHESHIRE (com um sorriso enorme): Loucura... Mas o que é a loucura senão o que vivemos no nosso dia a dia?
CAPOTO: Ah, não me vem com filosofia não, senão vai arriar a minha lombra...
GATO DE CHESHIRE (contrariado): Nesse caso, vou-me! Adeus Chapeleiro! Adeus Lebre! Quando este insignificante ser for-se, eu voltarei!
CAPOTO: Meu irmão! Ele virou fumaça! Eu queria saber fazer isso...
CHAPELEIRO MALUCO: Não ligue pro Mestre Gato, ele é um tanto sentimental!
LEBRE DE MARÇO: Mais chá?
CAPOTO: Quer me matar? Não! Tá bom de chá! E eu vou atrás daquele coelho doido. Se bem que eu nem sei por que eu tô atrás dele, mas como eu já vim parar na Viagemlândia...
CHAPELEIRO MALUCO: Viagemlândia!? Não, meu garoto! Aqui é o País das Maravilhas!
CAPOTO: Ah... Tanto faz... Vocês viram o Coelho Doido?
CHAPELEIRO MALUCO: O Coelho passou por aqui e estava indo pro castelo! Quer uma carona?
CAPOTO: E tu tem carro, porra?
CHAPELEIRO MALUCO: Que carro que nada! Seja lá o que isso for! Você vai no meu chapéu! Tome um gole deste chá e você vai ficar pequeno por um tempo, para poder montar no meu chapéu! Não que você precise diminuir muito, mas será necessário!
CAPOTO: Agora foi que fudeu! Mas já que eu tô na chuva mesmo! Me dá logo esse chá!
CHAPELEIRO MALUCO: Chuva? Mas nem tem sinal de chuva! Você fala cada coisa estranha! [...] Pronto! Agora que está pequeno, suba aqui na aba... Isso... Agora, dê adeus à Lebre
CAPOTO: Falou Lebre! Tu é brother, meu irmão! Jah love!
CHAPELEIRO MALUCO (jogando o chapéu): Não fuja dos seus sonhos!!!
LEBRE DE MARÇO (arremessando uma xícara em direção ao chapéu, no ar): Tome mais chá!!!
CAPOTO: AAAAAHHHHHHH! Isso roda mais do que pião! Vou vomitar, caralho!!! [...] Eca! Me melei todo, nesse chapéu do inferno, quase quebrei o meu braço quando caí e essa porra dessa Lebre quase acerta essa xícara gigante em mim! E o Chapeleiro lá disse pra eu não fugir dos meus sonhos? Esse bicho tá muito doido! Eita porra! Ainda bem que eu cresci logo. O que é isso no chapéu dele? Há, há!!! É o doce!!! Vou guardar pra depois, o chá ainda tá dando lombra...
COELHO BRANCO: Atrasado! Estou atrasado!
CAPOTO: Olha ele ali! Ei miserável! Droga... Entrou naquele castelo! Vou lá, ver qual é a de mesmo! [...] Oxe, meu irmão! Que porra é essa? Hahahaha! Era só o que me faltava: cartas de baralho gigantes, pintando flores brancas de vermelho! Ei, galera! Qual foi a bronca aí?
DOIS DE ESPADAS: Nós plantamos flores brancas, mas a Rainha tinha nos mandado plantar flores vermelhas e se ela vir isso, vai mandar cortar a nossa cabeça!
CAPOTO: Que ozzy, velho! Me dá um pincel desses que eu vou ajudar vocês!
TRÊS DE ESPADAS: Ah, claro! Tome este! Desde já, lhe agradecemos!
CAPOTO: Oxe, zero bronca! Bora pintar logo essa parada, porque eu quero achar aquele Coelho!
DOIS DE ESPADAS (alarmado): Você se refere ao Coelho Branco? Ele passou por aqui apressado pra falar com a Rainha, com certeza, vem mandar uma mensagem pra decapitar alguém!
CAPOTO: Afff... Esse lugar dá pra mim não! [...] Ei! Que som de corneta é essa?
DOIS DE ESPADAS: É a Rainha! Ela vem vindo e vai mandar nos matar!!!
TRÊS DE ESPADAS: A Rainha! Estamos mortos, com certeza! Salve sua vida, meu bom homem!
CAPOTO: Peraí galera... Uma rainha não ia mandar decapitar ninguém por causa disso! Eu vou trocar uma ideia com ela e vocês vão ficar de boa!
TRÊS DE ESPADAS: Dois, ele enlouqueceu!
DOIS DE ESPADAS: Com certeza, Três! E Não podemos fazer mais nada! Ih! Lá vem ela! Rápido, curvem-se!
RAINHA DE COPAS: Ora, mas quem vejo aqui, se não é um dos "não é um dos guardas"!
CAPOTO: Rainha, vê só qual é a parada...
RAINHA DE COPAS: COOOOORTEM A CABEÇA!!!
CAPOTO: Porra! Me fudi! Excelentíssima Rainha, vossa magnanimidade poderíeis, por ventura, escutar o que eu tenho pra lhe indagar?
RAINHA DE COPAS: Hmmm... Desembucha!
CAPOTO: Estava eu a passar por aqui quando vi os seus bravos guardas pintando as flores e...
RAINHA DE COPAS: COOOOOORTEM AS CABEÇAS!!!
TRÊS DE ESPADAS: Ah... Ele tinha que falar? Ela nem tinha percebido!
DOIS DE ESPADAS: Esse é o nosso fim, Três...
CAPOTO: Peraí pow! Que fim que nada! Vê só: Rainha, perdão pela nonsense que lhe falei, mas, se vossa reverendíssima me deixar eu posso explicar por que os guardas estavam a pintar suas flores!
RAINHA DE COPAS: Última chance, barbudinho!
CAPOTO: Eu passei por aqui, distraído, há uns dias atrás e, por um infortúnio do destino, dei um encontrão num dos guardas e ambos fomos ao chão. Nisso, acabamos por trocar os pacotes de sementes de flor. Então, por minha culpa, os seu valentes e fiéis guardas plantaram as flores de cor errada!
RAINHA DE COPAS: Você disse que passou há alguns dias?
CAPOTO: Sim...
RAINHA DE COPAS: COOOOORTEM A CABEÇA!!!
CAPOTO: O quê?
RAINHA DE COPAS: Pensa que eu sou idiota? Como foi que as flores cresceram tão pouco tempo?
CAPOTO: Er... É que eu tinha comigo um envelope com um superfertilizante, que também acabou por ser trocado no incidente...
RAINHA DE COPAS: Hmmm... Então não foi culpa dos guardas?
CAPOTO: Não!
RAINHA DE COPAS: Então a culpa foi toda sua?
CAPOTO (receoso): Bem... sim, mas...
RAINHA DE COPAS: COOOOORTEM A CABEÇA!!! E dessa vez, não tem volta!
CAPOTO (tomando coragem): Oxe, que porra nenhuma! Vou usar a minha magia mais poderosa de todas!!!
RAINHA DE COPAS: O quê? Se atreve a me desafiar?
CAPOTO: Sim! E é um desafio de coragem!
RAINHA DE COPAS: Pois saiba que eu sou a criatura mais corajosa de todo o reino!
CAPOTO: Com isso, posso entender que vossa santidade aceitou o desafio?
RAINHA DE COPAS: Claro que sim!
CAPOTO: Pois bem! Você conhece aquela lagarta azul que vive na floresta e fuma narguilé?
RAINHA DE COPAS: É óbvio que conheço!
CAPOTO (puxando algo do bolso): Ótimo! Isso facilita bastante. O meu desafio será esse: você terá que fumar isso aqui!
RAINHA DE COPAS: E se for veneno!
CAPOTO: Dou minha palavra de que não é, minha rainha! Se desejares, posso fumar com você também!
RAINHA DE COPAS: Tudo bem! Acendo logo isso!
CAPOTO (se apressando com um isqueiro): Pronto! Lembre-se de que, ao tragar, deve prender bem a fumaça nos pulmões!
RAINHA DE COPAS (insegura): Não sou idiota! É claro que eu sei!
CAPOTO (enquanto a rainha traga, falando consigo mesmo): Espero que essa seja da boa... Ah! Rainha, para melhorar, você pode escutar uma música!
RAINHA DE COPAS: Isso aqui é bom... Ainda pode melhorar?
CAPOTO (tirando o celular do bolso): Escuta aí o som de Bob Marley!
♪ No sun will shine, in my day today (no sun will shine)...♫
RAINHA DE COPAS: Onde é que eu arrumo mais disso hein? Se me disser, está perdoado e será poupado!
GATO DE CHESHIRE (aparecendo de repente): Olá, garoto! O Chapaleiro me mandou, dizendo que você poderia estar em apuros e como eu devo uma ao chapeleiro, vim te ver!
CAPOTO: Bem na hora! Me tira daqui, Mestre Gato, por favor!
RAINHA DE COPAS: Não ouvi uma resposta ainda...
GATO DE CHESHIRE: Então prepare-se para sumir!
CAPOTO (sumindo com o Mestre Gato): Rainha! Siga o Coelho Branco! Hahahaaaa!!! [...] Oxe! Tô no meu quarto! Que sonho doidera da porra!!! Vou fumar o meu baseado pra lombrar com ele! Oxe, cadê o meu fininho? Ei! Que porra é isso no meu bolso? Uma cartela de doce... Será que...? Não...
terça-feira, 6 de julho de 2010
Flor De Ir Embora
Ela é bela como o mar
Triste como a morte
Pode ser o meu norte
Qual flor posso te dar?
Uma rosa pra te encontrar
Uma flor cheia de beleza
Ou um brinco de princesa
Pra eu poder te enfeitar?
Miosotis azul como o céu
Será que você a recusa
Porque prefere, minha musa
Um simples anis de papel?
Uma íris da praia pra você
Que eu amo em segredo
Ou fará o meu enredo
Um beijo pintado à mercê?
Não me aproximo de ti
Como uma lantana, do sol
Ou como peixe de um anzol
Tenho medo de me destruir
Você é uma gota-de-orvalho
Única, sem sofreguidão
Eu sou mais um na multidão
Uma carta num baralho
Você é dália, peônia, azaleia
Lírio, ciclame, magnólia e manacá
Me embrigado aqui, ali e acolá
De teu amor, nem tenho ideia
Você parece labiata escondida
Nunca aparece na rua
E quando sai, à luz da lua
Te vejo só, triste e perdida
E quando tomo fôlego ao sol
Te encontro de olhos fechados
E meus sonhos são arruinados
Lá se vai meu girassol
Flor de seda, agora sem jardim
Dar-te-ia uma flor de te amar
Ou apenas uma flor de encontrar
Podia ser um simples jasmim
Podia ser uma flor de te beijar
O que seria meu doce desejo
E podia te dar, nesse ensejo
Uma flor de nos arraigar
Qual seria sua flor amada?
Só o que posso dizer
É que o cravo pode ser
A flor mais indesejada
Qual delas, não sei agora
Mas posso me aproximar
E, finalmente te dar,
Uma flor de ir embora
Triste como a morte
Pode ser o meu norte
Qual flor posso te dar?
Uma rosa pra te encontrar
Uma flor cheia de beleza
Ou um brinco de princesa
Pra eu poder te enfeitar?
Miosotis azul como o céu
Será que você a recusa
Porque prefere, minha musa
Um simples anis de papel?
Uma íris da praia pra você
Que eu amo em segredo
Ou fará o meu enredo
Um beijo pintado à mercê?
Não me aproximo de ti
Como uma lantana, do sol
Ou como peixe de um anzol
Tenho medo de me destruir
Você é uma gota-de-orvalho
Única, sem sofreguidão
Eu sou mais um na multidão
Uma carta num baralho
Você é dália, peônia, azaleia
Lírio, ciclame, magnólia e manacá
Me embrigado aqui, ali e acolá
De teu amor, nem tenho ideia
Você parece labiata escondida
Nunca aparece na rua
E quando sai, à luz da lua
Te vejo só, triste e perdida
E quando tomo fôlego ao sol
Te encontro de olhos fechados
E meus sonhos são arruinados
Lá se vai meu girassol
Flor de seda, agora sem jardim
Dar-te-ia uma flor de te amar
Ou apenas uma flor de encontrar
Podia ser um simples jasmim
Podia ser uma flor de te beijar
O que seria meu doce desejo
E podia te dar, nesse ensejo
Uma flor de nos arraigar
Qual seria sua flor amada?
Só o que posso dizer
É que o cravo pode ser
A flor mais indesejada
Qual delas, não sei agora
Mas posso me aproximar
E, finalmente te dar,
Uma flor de ir embora
sábado, 19 de junho de 2010
Lascívia
Numa noite que acabava
Com os amigos, reunido
No bolso, um estalido
O celular que vibrava
Um pedido foi ouvido
E as minhas mãos tremeram
E os lábios encolheram
Vou caminhando perdido
Os braços me envolveram
Ébrios olhos se fitaram
As carícias começaram
E as bocas enlouqueceram
Nossos lábios se encontraram
Lascívia às escondidas
Olhos vendo as mordidas
Mas as horas nos faltaram
As coisas mal resolvidas
Ocorreram bem devagar
Só não sei como olvidar
Todas aquelas feridas
Se eu puder te amar
Com a cabeça vazia
Em uma noite fria
Irás sempre te lembrar
Com os amigos, reunido
No bolso, um estalido
O celular que vibrava
Um pedido foi ouvido
E as minhas mãos tremeram
E os lábios encolheram
Vou caminhando perdido
Os braços me envolveram
Ébrios olhos se fitaram
As carícias começaram
E as bocas enlouqueceram
Nossos lábios se encontraram
Lascívia às escondidas
Olhos vendo as mordidas
Mas as horas nos faltaram
As coisas mal resolvidas
Ocorreram bem devagar
Só não sei como olvidar
Todas aquelas feridas
Se eu puder te amar
Com a cabeça vazia
Em uma noite fria
Irás sempre te lembrar
segunda-feira, 7 de junho de 2010
A garota, o homem e o médico que se julga Deus
GAROTA:
Aos 16 anos me encontro em depressão pela segunda vez. Acho que são aqueles livros que eu leio. Lembro-me que Schopenhauer falou certa vez que "A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos". É... No meu bolso eu sei que tenho muita coisa, mas na cabeça é que eu não tenho certeza... Ou quem sabe os namorados que eu arranjo por aí. Alguns já me disseram que não entendem o motivo de eu ser assim... Mas assim como? Ou talvez a minha família cheia de defeitos. Muitos gritos e brigas todos os dias! Não sei pra quê todo esse estresse... O caso é que não me sinto bem comigo mesma. Saca gauche? Pois é... Estou alheia da vida há muito tempo, embora eu sempre me esforce para melhorar. Não consigo mais ficar onde estou. Fato! Bom, agora eu vou acabar com isso, pois sei que o sofrimento da subvida é pior que a dor física, que, acho eu, nem vou sentir tanto. Tomo um banho quente e demorado, penteio meus longos cabelos com esmero e prendo-os num rabo-de-cavalo, depois, visto um vestido confortável e a minha velha e boa sandália de couro. Pego meu iPod e vou pra rua. Dave grita no meu ouvido: "Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?”. Realmente, alguém está tomando o melhor de mim. Alguém ou algo... Não sei. Olho para todos os lados, procurando um jeito de escapar. Pode ser o mais simples possível, mesmo sem poesia ou romance, não importa. Ah! Moto em alta velocidade! Ótima oportunidade. O impacto vai ser tão forte que eu nem vou sentir dor. Um... Dois... Três... JÁ!
HOMEM:
Finalmente hoje é meu dia de folga! Sem estresse do trabalho, burocracia ou pessoas chatas me rodeando. Hoje vou dar um passeio, esquecer os estudos um pouco. Defendi minha tese de doutorado há dois meses. Vou subir mais um degrau. Hoje, posso dizer que sou um homem feliz e a poucos passos da realização pessoal. Dou aula de Literatura numa Universidade Federal, ainda sou substituto, mas eu estou perto de ser integral. Estou casado com uma mulher linda que amo e que o sentimento é recíproco. Meu garoto está com quatro anos agora e é uma peste! [risos de satisfação] Só de pensar o quanto eu sofri pra escalar essa montanha, meus olhos começam a marejar... Morei na favela, filho de mãe sem pai, amigos desviados do caminho tido como certo para a sociedade... Tive tudo para já estar morto por uma bala perdida com endereço certo, mas contrariando a "ordem das coisas", hoje eu venci na vida, claro que eu digo isso do ponto de vista do capitalismo, idiota e necessário. Passei o dia com a minha esposa e meu filho, mas agora, às 16h vou pegar minha moto e dar uma volta. Tomo um banho, visto aquela velha combinação de jeans e camiseta branca pego meu celular, os fones de ouvido e meu capacete. Minha mulher odeia minha moto, mas eu tenho uma sensação de plena liberdade quando a estou pilotando. Sei dos riscos que corro, por isso, em área urbana sou mais prudente até do que o necessário. Antes de partir, ligo o MP3 Player do meu celular e escuto Highway To Hell do AC/DC! Existe música melhor pra se andar de moto do que AC/DC? Ao sair, mando um beijo pra minha mulher, olho pro meu filho, ergo a mão fechada e levanto o indicador e o mindinho! O garoto faz o mesmo e dá uma gargalhada. Assim, lá vou eu com o vento no rosto e a liberdade na mente. Droga! Esqueci minha carteira com meus documentos! Agora é torcer para não ser parado numa blitz. Mas o dia está tranquilo, sem trânsito, vou andando a esmo me despindo das preocupações triviais. Canto para todos ouvirem: "I'm on a highway to he-"
MÉDICO:
Seis anos cursando, mais dois anos de residência, apenas um vestibular. Ainda fui o laureado da minha turma, mas sinceramente, eu não sei pra quê tanta besteira. No momento, estou de plantão num hospital público. Um dos maiores do estado. A fila de pacientes come solta lá fora enquanto eu procuro sexo casual pela internet. Como sou doutor, as cachorras correm atrás de mim. Casado? Sou sim e o que isso tem de mais? Monogamia é para os idiotas e fracos! Para mim, quanto mais, melhor. Droga! Alguém me chama, parece que ocorreu um acidente com um motoqueiro, algo do tipo. Malditos motoqueiros! O mundo seria melhor se não existissem motos! Teríamos bem menos acidentes, bem menos imprudência no trânsito! Esse cara devia estar atrasado pra pegar a mulher na cama com outro e acabou furando um sinal vermelho e atropelando alguém! Vai morrer nos corredores. Um enfermeirozinho qualquer me informa que o motoqueiro está sem os documentos, mas como estava com capacete caiu de certa forma que não corria risco imediato de morte. Já a menina, uma coisinha linda, estava mais pra lá do quê pra cá! Pois bem! Quem está na moto sempre tem a culpa. Dou assistência à garota. Toda a minha atenção é voltada para ela e dou a ordem para deixar o homem onde está que eu mandarei alguém para cuidar dele, mas o detalhe é que eu não vou chamar ninguém! Ele é um indigente e vai morrer como tal! A menina também não tem documentos, mas será tratada como uma deusa: o sacrifício necessário para a sua vida pulsar novamente será feito sem medir meus esforços. Aqui eu mando, decido quem vive e quem morre! Podem me chamar de Deus, porque aqui e tenho o dom da vida e da morte. Depois que tudo estiver bem, querê-la-ei para mim! Os primeiros socorros são feitos e logo eu a encaminho para uma sala de operação. Quatro horas depois dela entrar na sala termina todo o procedimento e a pequena deusa agora está sedada, em coma induzido para não sentir dor. A essa altura aquele maldito piloto deve estar ainda agonizando em seu leito de morte. Vou me certificar para que ninguém o encontre. Duas semanas depois minha visão do paraíso acorda e eu posso ver seus doces olhos azuis ainda perdidos, sem saber o que está acontecendo:
Médico: Bom dia!
Garota: Onde estou?
Médico: Você sofreu um acidente de moto. Algum... Imprudente deve ter avançado um sinal vermelho e te atropelou. Mas não precisa se preocupar, porque você está bem até demais.
Garota: O quê? E quanto ao motoqueiro?
Médico: Bom, infelizmente ele não resistiu...
Nesse momento a menina começa a chorar, primeiro bem baixinho e depois compulsivamente. Tentei acalmá-la, mas foi em vão. Ela olha para mim com um olhar de extremo ódio:
Garota: Eu me joguei na frente daquela moto! Queria me matar e você me salva?! Com certeza o estado daquele homem era melhor que o meu! Porque você me salvou?
Médico: Você se jogou na frente da moto? Mas eu pensei que...
Garota: Pensou errado! Agora um homem inocente morreu por sua culpa! Eu sei que eu provoquei o acidente, mas se você tivesse ajudado o homem, com certeza ele estaria bem, mas agora... O que resta pra mim?
Médico: Mas...
Enquanto eu me levanto lentamente e vou saindo do quarto, ela continua a me chamar e perguntar, mas eu não consigo prestar atenção! Eu matei um homem! Tá certo que ele já foi enterrado como indigente, mas essa menina está revoltada. Pode dar com a língua nos dentes e eu posso ser processado por negligência médica... Isso não pode ficar assim. Pego uns calmantes que tenho guardado. Certa dose pode matar uma pessoa com certeza:
Médico: Tome minha querida. Isso vai solucionar nosso problema...
Garota: O que é isso?
Médico: Tome!
Garota: Isso vai me curar?
Médico: É isso que você quer?
Garota: Não! Quero morrer em paz, só isso...
Médico: Então tome logo isso!
Garota: Quanto tempo eu vou ter depois que tomar?
Médico: Algumas horas... não muitas!
Garota: Tudo bem... Eu tomarei, mas primeiro ligue para este número e avise minha mãe. Mas só o faça quando eu estiver no necrotério!
Médico: Tudo bem! Eu dou a minha palavra!
Garota: Sua palavra não me serve de nada, mas eu não tenho escolha...
A menina tomou tudo enquanto eu saía da seu quarto. Horas depois eu liguei pra sua mãe e disse o que aconteceu. A verdade? A minha verdade! Agora é hora que voltar pro meu consultório. Ainda não arranjei diversão para hoje.
Aos 16 anos me encontro em depressão pela segunda vez. Acho que são aqueles livros que eu leio. Lembro-me que Schopenhauer falou certa vez que "A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos". É... No meu bolso eu sei que tenho muita coisa, mas na cabeça é que eu não tenho certeza... Ou quem sabe os namorados que eu arranjo por aí. Alguns já me disseram que não entendem o motivo de eu ser assim... Mas assim como? Ou talvez a minha família cheia de defeitos. Muitos gritos e brigas todos os dias! Não sei pra quê todo esse estresse... O caso é que não me sinto bem comigo mesma. Saca gauche? Pois é... Estou alheia da vida há muito tempo, embora eu sempre me esforce para melhorar. Não consigo mais ficar onde estou. Fato! Bom, agora eu vou acabar com isso, pois sei que o sofrimento da subvida é pior que a dor física, que, acho eu, nem vou sentir tanto. Tomo um banho quente e demorado, penteio meus longos cabelos com esmero e prendo-os num rabo-de-cavalo, depois, visto um vestido confortável e a minha velha e boa sandália de couro. Pego meu iPod e vou pra rua. Dave grita no meu ouvido: "Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?”. Realmente, alguém está tomando o melhor de mim. Alguém ou algo... Não sei. Olho para todos os lados, procurando um jeito de escapar. Pode ser o mais simples possível, mesmo sem poesia ou romance, não importa. Ah! Moto em alta velocidade! Ótima oportunidade. O impacto vai ser tão forte que eu nem vou sentir dor. Um... Dois... Três... JÁ!
HOMEM:
Finalmente hoje é meu dia de folga! Sem estresse do trabalho, burocracia ou pessoas chatas me rodeando. Hoje vou dar um passeio, esquecer os estudos um pouco. Defendi minha tese de doutorado há dois meses. Vou subir mais um degrau. Hoje, posso dizer que sou um homem feliz e a poucos passos da realização pessoal. Dou aula de Literatura numa Universidade Federal, ainda sou substituto, mas eu estou perto de ser integral. Estou casado com uma mulher linda que amo e que o sentimento é recíproco. Meu garoto está com quatro anos agora e é uma peste! [risos de satisfação] Só de pensar o quanto eu sofri pra escalar essa montanha, meus olhos começam a marejar... Morei na favela, filho de mãe sem pai, amigos desviados do caminho tido como certo para a sociedade... Tive tudo para já estar morto por uma bala perdida com endereço certo, mas contrariando a "ordem das coisas", hoje eu venci na vida, claro que eu digo isso do ponto de vista do capitalismo, idiota e necessário. Passei o dia com a minha esposa e meu filho, mas agora, às 16h vou pegar minha moto e dar uma volta. Tomo um banho, visto aquela velha combinação de jeans e camiseta branca pego meu celular, os fones de ouvido e meu capacete. Minha mulher odeia minha moto, mas eu tenho uma sensação de plena liberdade quando a estou pilotando. Sei dos riscos que corro, por isso, em área urbana sou mais prudente até do que o necessário. Antes de partir, ligo o MP3 Player do meu celular e escuto Highway To Hell do AC/DC! Existe música melhor pra se andar de moto do que AC/DC? Ao sair, mando um beijo pra minha mulher, olho pro meu filho, ergo a mão fechada e levanto o indicador e o mindinho! O garoto faz o mesmo e dá uma gargalhada. Assim, lá vou eu com o vento no rosto e a liberdade na mente. Droga! Esqueci minha carteira com meus documentos! Agora é torcer para não ser parado numa blitz. Mas o dia está tranquilo, sem trânsito, vou andando a esmo me despindo das preocupações triviais. Canto para todos ouvirem: "I'm on a highway to he-"
MÉDICO:
Seis anos cursando, mais dois anos de residência, apenas um vestibular. Ainda fui o laureado da minha turma, mas sinceramente, eu não sei pra quê tanta besteira. No momento, estou de plantão num hospital público. Um dos maiores do estado. A fila de pacientes come solta lá fora enquanto eu procuro sexo casual pela internet. Como sou doutor, as cachorras correm atrás de mim. Casado? Sou sim e o que isso tem de mais? Monogamia é para os idiotas e fracos! Para mim, quanto mais, melhor. Droga! Alguém me chama, parece que ocorreu um acidente com um motoqueiro, algo do tipo. Malditos motoqueiros! O mundo seria melhor se não existissem motos! Teríamos bem menos acidentes, bem menos imprudência no trânsito! Esse cara devia estar atrasado pra pegar a mulher na cama com outro e acabou furando um sinal vermelho e atropelando alguém! Vai morrer nos corredores. Um enfermeirozinho qualquer me informa que o motoqueiro está sem os documentos, mas como estava com capacete caiu de certa forma que não corria risco imediato de morte. Já a menina, uma coisinha linda, estava mais pra lá do quê pra cá! Pois bem! Quem está na moto sempre tem a culpa. Dou assistência à garota. Toda a minha atenção é voltada para ela e dou a ordem para deixar o homem onde está que eu mandarei alguém para cuidar dele, mas o detalhe é que eu não vou chamar ninguém! Ele é um indigente e vai morrer como tal! A menina também não tem documentos, mas será tratada como uma deusa: o sacrifício necessário para a sua vida pulsar novamente será feito sem medir meus esforços. Aqui eu mando, decido quem vive e quem morre! Podem me chamar de Deus, porque aqui e tenho o dom da vida e da morte. Depois que tudo estiver bem, querê-la-ei para mim! Os primeiros socorros são feitos e logo eu a encaminho para uma sala de operação. Quatro horas depois dela entrar na sala termina todo o procedimento e a pequena deusa agora está sedada, em coma induzido para não sentir dor. A essa altura aquele maldito piloto deve estar ainda agonizando em seu leito de morte. Vou me certificar para que ninguém o encontre. Duas semanas depois minha visão do paraíso acorda e eu posso ver seus doces olhos azuis ainda perdidos, sem saber o que está acontecendo:
Médico: Bom dia!
Garota: Onde estou?
Médico: Você sofreu um acidente de moto. Algum... Imprudente deve ter avançado um sinal vermelho e te atropelou. Mas não precisa se preocupar, porque você está bem até demais.
Garota: O quê? E quanto ao motoqueiro?
Médico: Bom, infelizmente ele não resistiu...
Nesse momento a menina começa a chorar, primeiro bem baixinho e depois compulsivamente. Tentei acalmá-la, mas foi em vão. Ela olha para mim com um olhar de extremo ódio:
Garota: Eu me joguei na frente daquela moto! Queria me matar e você me salva?! Com certeza o estado daquele homem era melhor que o meu! Porque você me salvou?
Médico: Você se jogou na frente da moto? Mas eu pensei que...
Garota: Pensou errado! Agora um homem inocente morreu por sua culpa! Eu sei que eu provoquei o acidente, mas se você tivesse ajudado o homem, com certeza ele estaria bem, mas agora... O que resta pra mim?
Médico: Mas...
Enquanto eu me levanto lentamente e vou saindo do quarto, ela continua a me chamar e perguntar, mas eu não consigo prestar atenção! Eu matei um homem! Tá certo que ele já foi enterrado como indigente, mas essa menina está revoltada. Pode dar com a língua nos dentes e eu posso ser processado por negligência médica... Isso não pode ficar assim. Pego uns calmantes que tenho guardado. Certa dose pode matar uma pessoa com certeza:
Médico: Tome minha querida. Isso vai solucionar nosso problema...
Garota: O que é isso?
Médico: Tome!
Garota: Isso vai me curar?
Médico: É isso que você quer?
Garota: Não! Quero morrer em paz, só isso...
Médico: Então tome logo isso!
Garota: Quanto tempo eu vou ter depois que tomar?
Médico: Algumas horas... não muitas!
Garota: Tudo bem... Eu tomarei, mas primeiro ligue para este número e avise minha mãe. Mas só o faça quando eu estiver no necrotério!
Médico: Tudo bem! Eu dou a minha palavra!
Garota: Sua palavra não me serve de nada, mas eu não tenho escolha...
A menina tomou tudo enquanto eu saía da seu quarto. Horas depois eu liguei pra sua mãe e disse o que aconteceu. A verdade? A minha verdade! Agora é hora que voltar pro meu consultório. Ainda não arranjei diversão para hoje.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Rock Star
Músico! É a melhor profissão do mundo... é o que todos dizem, é que todos acham... Menos um músico de verdade! Enquanto todos pensam que é só farra, mulheres, drogas e, claro, música, eu vejo, burocracia, contratos, obrigações e metas! Como todo trabalho é sofrido, suado, cansativo e estressante. Tenho prazos a cumprir, shows a apresentar, DVDs a gravar, sons a mixar, semínimas a compor, cordas a trocar, instrumentos a afinar, agudos a alcançar... Tantas coisas em tão pouco tempo! Tenho que me virar só, me virar no pó, sair feito doido, senão me engolem! Meu contrato é um suicídio... Ah! Quanta ilusão o dia em que o assinei... Me prometeram céus e terras. De fato, me alçaram ao céu, mas sem um mísero pára-quedas! No momento, me encontro numa lenta queda, com um cigarro numa mão e um copo de vodka na outra, escutando um som pesado que me faz levitar. Será que vale à pena? Sinceramente... não sei... Se bem que a essa altura, já fui estuprado e o que vier é lucro! Espero ansiosamente pelo dia em que me libertarei desses grilhões que me foram impostos. Vou me juntar com uns amigos da faculdade e começar a traçar um destino em que não mandem em mim! Quero compor quando tiver inspiração e não quando me disserem que o tenho que fazer! Quero ter paz pra tocar meu violão na praia, com minha mulher e minha filha! Quero poder dormir, sem gastar horas "tentando reordenar as tarefas que eu nunca precisarei desempenhar"... Tenho meu rótulo... isso foi uma imposição da gravadora! Até então, normal isso é até necessário nos dias de hoje, pelo menos até a pessoa aparecer na grande mídia... Mas o meu rótulo é um dos piores. Não quero nem comentar, pra não entrar em depressão profunda... Ah... Gravadora... produtores... Algozes de uma mentalidade fértil! Estupradores é isso que eles são! Invadem suas ideias e a distorcem do jeito que podem para ficar "maleável à sociedade"... Porra! Vai à merda! O trabalho é meu! A música é minha e o arranjo é meu! Tá achando ruim? Vá pro inferno!!! [...] Foi mal... exagerei... É que isso é o que eu tenho entalado na garganta, engulo seco, sem cuspe e com areia! Mas eu sei que sou maior do que isso e que posso aguentar essa tortura mais um pouco, juntar uma graninha pra rescindir o contrato e andar com meus próprios pés... Bom, vou andando... Vou aquecer minha voz e estalar os dedos, pra começar a única coisa que, no momento, me dá alegria: tocar ao vivo!
segunda-feira, 3 de maio de 2010
O Vencedor
Primeiro, posso perguntar:
Preciso permanecer preso?
Parafrasear para pensar?
Parto, paixão, pranto, peso.
Linhas lamentavelmente ligadas
Leis limitando luzes lassas
Lucidez e lembranças logradas
Lampejos legitimando liças
E quando eu puder te olhar
Encarar-te sem medo
Eu precisarei de um mar
Pra valer meu enredo
Que será pobre e breve
Palavras soltas no ar
Congeladas numa neve
Um frio pra te matar
Valho-me de Quintana e Drummond
Apesar das pedras no caminho
Nessa guerra, estou no front
Elas passarão, eu passarinho
Preciso permanecer preso?
Parafrasear para pensar?
Parto, paixão, pranto, peso.
Linhas lamentavelmente ligadas
Leis limitando luzes lassas
Lucidez e lembranças logradas
Lampejos legitimando liças
E quando eu puder te olhar
Encarar-te sem medo
Eu precisarei de um mar
Pra valer meu enredo
Que será pobre e breve
Palavras soltas no ar
Congeladas numa neve
Um frio pra te matar
Valho-me de Quintana e Drummond
Apesar das pedras no caminho
Nessa guerra, estou no front
Elas passarão, eu passarinho
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